Temos
cerca de 50% da riqueza mundial, mas apenas 6,3% da população... Nesta
situação, não podemos deixar de ser objecto de inveja e ressentimento. A nossa
verdadeira tarefa, no próximo período, é conceber um padrão de relações que nos
permita manter essa posição de disparidade sem prejuízo positivo para nossa
segurança nacional. Para tanto, temos de nos libertar de toda a sentimentalidade
e sonhar acordado, e nossa atenção terá que se concentrar em toda a parte, nos
nossos objectivos nacionais imediatos. Precisamos de não nos enganar que, hoje,
podemos dar-nos hoje ao luxo do altruísmo e de melhorar o mundo.
- George F. Kennan, Memorando de Política do Departamento de Estado dos
EUA,
Fevereiro de 1948
Armas
de Agosto e Um Desses Números Divertidos
“Oito
oito oito” é um desses números engraçados, como 666 ou 911. Algumas pessoas atribuem-lhe
grande significado misterioso. Portanto, é mais ameaçador do que o contrário,
pois no oitavo dia do oitavo mês do oitavo ano do novo século, um pequeno
território, nas distantes Montanhas do Cáucaso, da antiga União Soviética
decidisse ordenar ao seu exército desorganizado, que marchasse contra um
território tão minúsculo como o Luxemburgo, para recuperá-lo em nome da grande
República da Geórgia.
Naquele
dia, grande parte do mundo estava a olhar para outros lugares, para Pequim,
porque a China tinha dado início às Olimpíadas de 2008. Muitos líderes do mundo
estavam em Pequim para o evento, incluindo o Presidente dos Estados Unidos,
George W. Bush, e o novo Primeiro Ministro da Rússia, Vladimir Putin.
A
surpreendente notícia de que o Exército georgiano havia invadido a província
separatista da Ossétia do Sul, a princípio, atraiu pouco interesse. Poucas
pessoas no Ocidente já ouviram falar da Ossétia de Sul. A região era remota e
acreditava-se ser de pouca importância política.
Um ataque apoiado pelos EUA da Geórgia, em
Agosto de 2008, surpreendeu
o Ocidente, quando a Rússia respondeu tão
rapidamente para defender os ossétios
Como se
viu, a pequena República da Geórgia e sua invasão da Ossétia do Sul marcaria o início
da fase mais perigosa em assuntos mundiais desde a Crise dos Mísseis de Cuba,
em Outubro de 1962, quando os dois adversários da Guerra Fria, a União
Soviética e os Estados Unidos, ficaram ‘olhos nos olhos’ e ficaram à distância de
um cabelo de uma guerra nuclear.
Alguns começaram
a temer uma repetição no séc. XXI, do Guns of August, quando um acontecimento
igualmente antigo - o assassinato, em Agosto de 1914, do herdeiro ao trono da
monarquia austro-húngara por um assassino sérvio em Sarajevo - desencadeou a
eclosão da Primeira Grande Guerra na Europa.
Outros
falaram de uma Nova Guerra Fria, uma referência ao equilíbrio mútuo de terror
que dominou os assuntos mundiais desde, aproximadamente, 1946 até à queda do Muro
de Berlim e o colapso da União Soviética, em 1989-1990.
Essa crise cubana de 1962, como
alguns se recordam, foi desencadeada por fotos de reconhecimento dos EUA que
mostravam a construção de uma base de mísseis soviéticos em Cuba, a cerca de 90
milhas da Flórida. Essa base de mísseis daria à Rússia a capacidade de lançar
um ataque nuclear no território dos EUA em poucos minutos, não permitindo que
os bombardeiros nucleares dos EUA tivessem tempo suficiente para responder.
O que poucos no Ocidente - além
do Pentágono e dos círculos mais elevados dos EUA e da NATO - foi dito que a
instalação de mísseis soviéticos em Cuba não foi uma provocação que surgiu do
nada. Foi a resposta da Rússia, se bem que ineficaz e imprudente, à decisão
anterior tomada pelos EUA de colocar mísseis nucleares Thor e Júpiter na Turquia, um
membro da NATO perigosamente próximo dos locais nucleares estratégicos da União
Soviética.
Tal como aconteceu em Cuba, em
1962, assim ocorreu na Geórgia em 2008, a crise foi a consequência directa de
uma provocação agressiva iniciada pelos círculos militares e políticos em
Washington.(2)
A seguir:
Fim
de Uma Guerra Fria e Sementes de Uma Nova
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
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