ou
DOMÍNIO DA UNIVERSALIDADE
CAPÍTULO
CINCO - Parte 1
O
Império das Bases - a Base do Império
Se
forem declarados objectivos de guerra que pareçam estar apenas preocupados com
o imperialismo anglo-americano, eles oferecerão pouco aos povos do resto do
mundo. Os interesses dos outros povos devem ser salientados. Teria um excelente
efeito de propaganda.
- Memorando privado do Council on
Foreign Relations ao US Departament of State, 1941, nos arquivos do CFR War
& Peace Studies.
Bases
Americanas Cercam a Rússia
A
expansão do escudo de defesa anti míssil de Washington, para a Polónia e para a
República Checa, bem como a decisão de ocupar o Iraque e o Afeganistão, poderão
ser melhor compreendidas quando consideradas do ponto de vista da notável
expansão da NATO, desde 1991.
Como
Putin, da Rússia, observou em Fevereiro de 2007, em Munique:
A
NATO colocou as suas forças de linha da frente junto às nossas fronteiras ...
(Eu/nós?) Pensamos que é óbvio, que a expansão da NATO não tem qualquer relação
com a modernização da Aliança em si ou de garantir a segurança na Europa. Pelo
contrário, representa uma provocação grave que reduz o nível de confiança
mútua. E temos o direito de perguntar: contra quem é pretendida esta expansão?
E o que aconteceu às garantias que nossos parceiros ocidentais nos deram,
depois da dissolução do Pacto de Varsóvia? (1)
O
estratega russo e perito militar, Yevgeny Primakov, antigo Primeiro Ministro de
Yeltsin e conselheiro próximo de Vladimir Putin, observou que a NATO foi
“fundada durante a época da Guerra Fria como uma organização regional para
garantir a segurança dos aliados dos EUA na Europa” e acrescentou:
Actualmente,
a NATO está a agir com base numa filosofia e numa doutrina completamente
diferente, deslocando-se para fora do continente europeu e conduzindo operações
militares muito além dos seus limites. A NATO... está a expandir-se
rapidamente, transgredindo acordos anteriores. A admissão de novos membros na
NATO está a dar origem à expansão de bases que acolhem militares dos EUA,
sistemas de defesa aérea, bem como componentes dos sistemas ABM.(2)
Em
2007, os países membros da NATO incluíam não só o núcleo da Guerra Fria na
Europa Ocidental, comandado por um americano, mas também pelo antigo Pacto de
Varsóvia ou Estados soviéticos: Polónia, Letónia, República Checa, Estónia,
Lituânia, Roménia, Bulgária, Hungria, Eslováquia e Eslovénia, que,
anteriormente, pertenciam à Jugoslávia. Os candidatos à adesão
incluem a República da Geórgia, Croácia, Albânia e Macedónia. O Presidente da
Ucrânia, Victor Yushchenko, tentou levar agressivamente a Ucrânia para a NATO.
Foi uma mensagem clara para Moscovo que, sem surpresa, eles não pareciam
receber de braços abertos.
Formatam-se
estruturas novas da NATO enquanto as antigas foram abolidas: A NATO Response
Force (NRF) foi lançada na Cimeira de Praga, de 2002. Em 2003, logo após a queda
de Bagdad, começou uma grande reestruturação dos comandos militares da NATO.
Foi abolido o quartel general do Comandante Supremo Aliado do Atlântico. Um
novo comando, Allied Command Transformation (ACT), foi estabelecido em Norfolk,
na Virgínia. O ACT era responsável pela condução da ‘transformação’ da NATO.
Em
2007, Washington assinou um acordo com o Japão para cooperar no desenvolvimento
da defesa anti míssil. Washington estava profundamente empenhado em testar um
sistema de defesa anti míssil com Israel. Os EUA alargaram a sua defesa anti
míssil europeia à República Checa e à Polónia, onde o Ministro da Defesa, Radek
Sikorski, era amigo íntimo e aliado dos chefes de guerra neo-conservadores do
Pentágono.
A
NATO também colocou a questão das candidaturas da Ucrânia e da Geórgia para
aderirem a essa organização. Em 15 de Fevereiro de 2007, a Comissão dos
Assuntos Externos da Câmara dos Representantes aprovou um projecto de lei
Orwelliano, denominado “Lei da Consolidação da Liberdade da NATO de 2007”, reafirmando
o apoio dos EUA ao novo alargamento da NATO, incluindo o apoio à adesão da
Ucrânia juntamente com a Geórgia.
Entretanto,
o Médio Oriente, apesar do desastre no Iraque, estava a ser militarizado com
uma rede permanente de bases americanas do Qatar ao Iraque, ao Afeganistão e
mais além.
Do
ponto de vista russo, a expansão da NATO para leste, desde o fim da Guerra
Fria, estava em clara violação de um acordo entre o antigo dirigente soviético,
Mikhail Gorbachev e o Presidente dos EUA, George H.W. Bush, que abriu caminho
para uma unificação pacífica da Alemanha, em 1990. A política de expansão da
NATO foi a continuação de uma tentativa da Guerra Fria, de cercar e isolar a
Rússia. Pelo menos, era assim que parecia, absolutamente, para aqueles, em
Moscovo, que olhavam para o ocidente e para o sul.
Novas
Bases dos EUA Para Proteger a "Democracia"?
Uma
consequência quase desapercebida da política de Washington desde o bombardeio
da Sérvia, em 1999, foi o estabelecimento de uma rede extraordinária de novas bases
militares dos EUA.
As
bases deveriam estar localizadas em partes do mundo onde, aparentemente, havia
pouco para justificá-las como sendo uma precaução defensiva dos EUA, dada a
ausência de qualquer ameaça concebível. Tinham sido construídas à custa de uma
despesa enorme, paga pelos contribuintes, excedendo e ultrapassando os custos
avultados de outros compromissos militares globais dos EUA.
A
tendência dominante do final da Segunda Guerra Mundial até à Guerra da Coreia,
foi reduzir o número de bases no exterior dos EUA. Dois anos depois do Dia da
Vitória no Japão, metade da estrutura global de guerra dos EUA tinha
desaparecido; metade do que tinha sido mantido até 1947, foi desmantelado em
1949.
No
entanto, essa redução do pós-guerra do número de bases no exterior, terminou
com a Guerra da Coreia, no início dos anos 1950, quando o número de bases
cresceu, mais uma vez, seguido de novos aumentos durante a Guerra do Vietname.
Camp
Bondsteel no Kosovo, é a maior base estrangeira dos EUA desde o Vietnam e um
ponto de partida importante para o controlo de toda a região.
Em
1988, as bases dos EUA eram um pouco menores do que no final da Guerra da
Coreia, mas reflectiam um padrão global muito diferente do que no início do
período pós Segunda Guerra Mundial, com os declínios mais acentuados no sul da
Ásia e no Médio Oriente/África.
Em
Junho de 1999, a expansão das bases norte-americanas em todo o mundo apresentou
uma dimensão nova de qualidade. Após o bombardeamento da Jugoslávia, as forças
dos EUA iniciaram a construção de Camp Bondsteel, na fronteira entre o Kosovo e
a Macedónia. Foi o eixo central do que viria a ser uma nova rede global de
bases dos EUA.
Bondsteel
colocou a força aérea dos EUA a uma distância fácil de atingir do Médio
Oriente, rico em petróleo e do Mar Cáspio, bem como da Rússia. Camp Bondsteel,
na época em que foi instalada, era a maior base militar dos EUA construída
desde a Guerra do Vietname. Com quase 7.000 soldados, foi montada pela maior
empresa de construção militar dos EUA, a KBR da Halliburton. O CEO da
Halliburton, na época, era Dick Cheney.
Antes
do início do bombardeamento da Jugoslávia pela NATO, em 1999, o The
Washington Post afirmou com honestidade: "Com o Médio Oriente
cada vez mais frágil, precisaremos de bases e direitos de sobrevoar nos Balcãs,
para proteger o petróleo do Mar Cáspio." (3)
Camp
Bondsteel foi só o primeiro de uma vasta cadeia de bases norte-americanas que
seriam construídas durante essa década. Os militares americanos continuaram a
construir bases militares na Hungria, Bósnia-Herzegovina, Albânia e Macedónia,
além de Camp Bondsteel, no Kosovo, que então, ainda fazia parte legalmente da
Jugoslávia.
Em
16 de Agosto de 2004, o Presidente Bush anunciou o que foi descrito como a
reestruturação mais abrangente das forças militares dos EUA no exterior, desde
o final da Guerra da Coreia. Foi um programa de mudanças radicais pelos números
e locais de instalações militares no exterior, agora conhecidos como a
Estratégia Global de Presença e Bases Integradas/ Integrated Global Presence
and Basing Strategy (IGPBS).
Cerca
de 70.000 pessoas regressariam de locais no exterior da Europa e da Ásia, para
bases nos Estados Unidos continentais. Outras forças no estrangeiro, seriam
redistribuídas dentro das nações anfitriãs actuais, como a Alemanha e a Coreia
do Sul.
Seriam
estabelecidas novas bases na Europa Oriental, Ásia Central e África. Na visão
do Pentágono, esses locais estariam mais próximos dos seus alvos, mais capazes
de “responder a possíveis pontos problemáticos” .(4) O novo plano exigiria
novas instalações que custavam biliões de dólares - parte dessa despesa a ser
suportada pelos Estados Unidos e outra parte, por outras nações.
Num
conflito - e na linguagem do Pentágono agora só existem ‘conflitos’, não
existem mais guerras porque as guerras exigem que o Congresso dos Estados
Unidos as declare oficialmente, com justificativas e razões -
as forças armadas iriam ‘erguer’, rápida e poderosamente, homens e material
para a linha de frente.
A
natureza geopolítica provocadora da rede global de bases tornou-se clara,
devido às suas localizações. Uma das novas bases dos EUA, mais importante e
menos mencionada, estava instalada na Bulgária, um antigo satélite soviético e
agora membro da NATO. Compreensivelmente, os planeadores do
Kremlin indagavam se as novas linhas da frente incluíam a Rússia.
Mas, parecia estar a funcionar outra agenda paralela à agenda de
invasão e cerco do Pentágono,
Defender
Os Campos de Ópio?
Os
EUA construíram bases no Afeganistão na sequência da campanha militar levada a
cabo para conseguir uma vitória rápida no final de 2001, muito depois de ter
desistido da farsa de procurar Osama bin Laden nas cavernas de Tora Bora. Em
especial, juntamente com a ocupação americana do Afeganistão, o cultivo do ópio
para obter heroína atingiu níveis recordes sob a nova presença militar dos EUA.
Isto
recordava a situação durante a Guerra do Vietname, quando a CIA e as unidades
especiais das Forças Armadas dos EUA trabalharam com os membros da tribo Meo,
no Laos, para assegurar o controlo das rotas de heroína do Sudeste Asiático. A
CIA então usou as receitas da venda das drogas, lavadas através de bancos por
intermédio de empresas de fachada que eram propriedade da CIA, como o Nugan
Hand Bank, na Austrália, para financiar outras operações secretas e actividades
de inteligência/serviços secretos. Surgiram evidências fortes, através das
pesquisas e relatórios da Interpol e dos EUA, de que as forças americanas no
Afeganistão tinham mais do que um interesse passageiro na explosão do cultivo
de ópio nesse país, depois de 2001. Juntamente com o cultivo do ópio, houve uma
explosão de bases militares permanentes dos EUA.(5)
Em
Dezembro de 2004, durante uma visita a Cabul, o Secretário da Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, finalizou os planos para construir nove novas bases no
Afeganistão, nas províncias de Helmand, Herat, Nimrouz, Balkh, Khost e Paktia.
As nove foram criadas além das três principais bases militares dos EUA já
instaladas após a ocupação do Afeganistão, no inverno de 2001-2002, para isolar
e eliminar, ostensivamente, a ameaça terrorista de Osama bin Laden.
O
Pentágono construiu as suas três primeiras bases em Bagram Air Field, ao norte
de Cabul, o principal centro de logística militar dos EUA; Kandahar Air Field,
no sul do Afeganistão; e Shindand Air Field, na província ocidental de Herat. A
Shindand, a maior base dos EUA no Afeganistão, foi construída a escassos 100
quilómetros da fronteira com o Irão e a pouca distância da Rússia e da China.
O
Afeganistão tinha sido historicamente o coração do Grande Jogo Britânico-Russo,
a luta pelo controlo da Ásia Central durante os séculos XIX e XX. A estratégia
britânica de então, era impedir que a Rússia, a todo custo, controlasse o
Afeganistão e, desse modo, ameaçasse a jóia da coroa imperial britânica, a
Índia.
O
Afeganistão também foi considerado pelos planeadores do Pentágono como sendo
altamente estratégico. Era uma plataforma a partir da qual o poder militar dos
EUA poderia ameaçar, directamente, a Rússia e a China, bem como o Irão e outros
territórios do Médio Oriente ricos em petróleo. Pouco mudou, geopoliticamente,
durante mais de um século de guerras.
O
Afeganistão situava-se num local extremamente vital, abrangendo o sul da Ásia,
a Ásia Central e o Médio Oriente. O Afeganistão também se estende ao longo de
uma rota sugerida de um oleoducto dos campos petrolíferos do Mar Cáspio até ao
Oceano Índico, onde a companhia petrolífera norte-americana Unocal, juntamente
com a Enron e a Halliburton de Cheney, negociavam direitos exclusivos do
oleoducto para levar o gás natural do Turcomenistão através do Afeganistão e
Paquistão, para a fábrica enorme de gás natural da Enron, em Dabhol,
perto de Mumbai.
Na
mesma época, o Pentágono chegou a um acordo com o governo do Quirguistão, na
Ásia Central, para construir uma base estrategicamente importante - a Base
Aérea de Manas, no aeroporto internacional de Bishkek. Manas não estava apenas
perto do Afeganistão; também ficava a pouca distância do petróleo e gás do Mar
Cáspio, bem como das fronteiras da China e da Rússia.
Como
parte do preço de aceitar o ditador militar paquistanês, General Pervez
Musharraf, como aliado dos EUA e não como inimigo da ‘Guerra ao Terror’,
Washington conseguiu o seu acordo para o seguinte: permitir que o aeroporto de
Jacobabad, a cerca de 400 quilómetros ao norte de Karachi, fosse usado pela
Força Aérea dos EUA e pela NATO, a fim de apoiar a campanha de ambos no
Afeganistão. Foram construídas duas bases adicionais dos EUA, em Dalbandin e
Pasni.
Estas
13 novas instalações dos EUA em toda a Eurásia eram apenas uma pequena parte da
vasta rede de bases militares controladas pelos EUA, que Washington construiu
depois de 2001.
No
entanto, o alegado pretexto para a expansão militar evaporou-se quase
instantaneamente: poucas semanas depois do ataque ao Afeganistão, a perseguição
a Osama bin Laden de alguma forma, perdeu-se na confusão, o demónio deixou de
vaguear nas cavernas de Tora Bora.
Assim
que Washington assumiu o controlo militar efectivo de Cabul, o Pentágono voltou
a sua visão militar para o Iraque de Saddam Hussein, o fulcro do ‘Eixo do Mal’
de Bush, encobrindo, supostamente, armas nucleares, químicas e biológicas de
destruição em massa voltadas, directamente, para a América e para os seus
aliados.
Meses
depois da ocupação do Iraque, começaram a ser difundidos relatórios indicando
que o Pentágono estava lá para ficar, como disse o Secretário da Defesa, Robert
Gates, “por muito tempo”. (6)
A
fim de esconder dos contribuintes americanos, os custos assombrosos da guerra
do Iraque e a subsequente ocupação, a Administração Bush recorreu a uma prática
de solicitar fundos para as despesas militares no Iraque, através de várias
‘verbas suplementares de financiamento’ apresentadas separadamente, após o
debate do orçamento do Estado ter terminado. Enterrado no pedido de Bush para o
financiamento suplementar do Iraque, feito em Maio de 2005 estava
uma provisão para a construção de bases militares dos EUA, descrita
ostensivamente como “em alguns casos muito limitados, instalações permanentes”.
De
acordo com a imprensa, em 2006 os EUA construíram nada menos que 14 bases
permanentes no Iraque - um país que tem apenas o dobro do tamanho do estado de
Idaho, ridicularizando as promessas presidenciais de planear uma retirada das
tropas americanas. Catorze bases construídas no Iraque pelos Estados Unidos,
depois de Março de 2003, sugeriram que a ‘libertação’ do Iraque, da governação
de Saddam Hussein, tinha um pesado significado militar. A liberdade parecia,
principalmente, ser a liberdade de Washington construir as suas guarnições militares
ao longo dos campos de petróleo iraquianos e na fronteira do Iraque com o
Irão.(7)
De
longe, a base mais importante do Iraque era a Base Aérea de Balad combinada com
Camp Anaconda, ao norte de Bagdad. Acomodava quer caças da Força Aérea, quer os
aviões de transporte. Camp Anaconda, ligado à base aérea, servia como base
principal e centro de logística para as tropas dos EUA no centro do Iraque.
Analistas militares notaram que a base de Balad estava perfeitamente
posicionada para projectar o poder dos EUA, em todo o Médio Oriente.(8)
O
posicionamento calculado das novas bases militares dos EUA não se restringia de
maneira nenhuma, ao continente eurasiático, embora a Eurásia fosse claramente a
prioridade estratégica dos planeadores militares dos EUA; o seu alcance
geográfico era global. Como observou o analista militar Zoltan Grossman:
A
intervenção mais directa dos EUA, após a invasão do Afeganistão, ocorreu no sul
das Filipinas, contra a milícia guerrilheira Moro (muçulmana) Abu Sayyaf. Os
EUA alegaram que o minúsculo grupo de Abu Sayyaf foi inspirado por Bin Laden,
em vez de um crescimento radical de décadas de insurreição Moro, em Mindanao e
no Arquipélago de Sulu.(9)
Os
‘treinadores’ das Forças Especiais dos EUA estavam a realizar ‘exercícios’
conjuntos com as tropas filipinas, numa zona de combate activa. Supostamente, o
seu objectivo era alcançar uma vitória no estilo de Grenada, sobre os 200
rebeldes, pelo efeito de propaganda global contra Bin Laden. Mas, uma vez em
vigor, a campanha de contra-revolução poderia ser facilmente redireccionada
contra outros grupos rebeldes Moro ou até comunistas, em Mindanao. Poderia
também ajudar a alcançar o outro grande objectivo dos EUA nas Filipinas:
restabelecer totalmente os direitos militares dos EUA, que terminaram quando o
Senado filipino encerrou o controlo americano da Base Aérea de Clark e da Base
Naval Subic, após o fim da Guerra Fria e depois, uma erupção vulcânica
danificou ambas as bases.
O
regresso dos EUA às Filipinas, bem como as ameaças de Bush contra a Coreia do
Norte, foi visto por muitos na região como um esforço para afirmar uma
influência ainda maior dos EUA no Leste Asiático, justamente quando a China
estava a crescer como potência global e outras economias asiáticas estavam a
recuperar de crises financeiras. O crescente papel militar dos EUA em toda a
Ásia também poderia aumentar o temor na China, de uma esfera de influência dos
EUA a invadir as suas fronteiras. Para mais, a nova base aérea dos EUA na
antiga república soviética do Quirguistão era, para a China, demasiado próxima
para ser confortável.
Entretanto,
outras regiões do mundo também estavam a ser alvejadas pela ‘Guerra ao Terror’
dos EUA, especialmente a América do Sul. Assim como a propaganda da Guerra Fria
reformulou os rebeldes esquerdistas no Vietname do Sul e em El Salvador, como
marionetes do Vietname do Norte ou de Cuba, a propaganda da ‘Guerra ao Terror’
dos EUA designou os rebeldes colombianos como aliados da vizinha Venezuela,
rica em petróleo. O Presidente venezuelano, Hugo Chavez, foi descrito como
sendo ‘simpatizante’ de Bin Laden e Fidel Castro e, possivelmente, a voltar a
OPEP contra os EUA. Chavez poderia servir como o novo inimigo ideal dos EUA se
Bin Laden fosse eliminado. A crise na América do Sul, embora não pudesse estar
ligada à militância islâmica, talvez fosse a próxima nova e perigosa guerra, em
formação. (10)
Em
2007, estava a tornar-se claro para grande parte do mundo, que Washington
estava a instigar guerras ou conflitos com nações em todo o mundo, e não apenas
para controlar o petróleo - embora o controlo estratégico dos fluxos globais de
petróleo estivesse no coração do Século Americano, desde a década de 1920. O
objectivo final dos vários conflitos e acções militares era controlar as
economias de todo e qualquer concorrente em potencial, do poder rival, qualquer
nação ou grupo de nações que decidisse desafiar a supremacia incontestada da
América, como mestra nos assuntos mundiais.
Ao
começar já, nos anos 80, os estrategas de Washington e os ‘think-tanks’
influentes de Washington, perceberam que tinham esvaziado as capacidades
industriais dos EUA e que, em breve, outras nações ou regiões, como uma União
Europeia em ascensão, ou potências económicas chinesas e do leste asiático,
estavam a desenvolver o potencial para desafiar um dia, a supremacia americana.
Em
2001, quando George Bush e Dick Cheney chegaram a Washington, o ‘establisment’
dos Estados Unidos, os poderosos patrícios do poder americano, decidiram que
seriam necessárias medidas drásticas para sustentar, de forma correcta, o
domínio americano no novo século.
A seguir:
As Bases dos EUA Expandem-se Após a Guerra
Fria
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
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