ou
DOMÍNIO DA UNIVERSALIDADE
CAPÍTULO CINCO - Parte 2
As Bases dos EUA Expandem-se Após a Guerra
Fria
No
final dos anos 80, a Glasnost e a Perestroika, seguidas pelo colapso dos
regimes dominados pelos soviéticos na Europa Oriental, em 1989 e o
desaparecimento da própria União Soviética, em 1991, geraram expectativas de
que haveria um rápido desmantelamento do sistema de bases americano. As
expectativas eram especialmente fortes entre os que pensavam que as bases dos
EUA existiam para refrear a ameaça soviética.
No
entanto, o Departamento de Defesa insistiu, no seu Relatório do Secretário da
Defesa, de 1989, que a “projecção do poder” dos Estados Unidos continuava a
exigir tais “instalações avançadas”. (11)
Em
2 de Agosto de 1990, o Presidente George H.W. Bush emitiu uma declaração
indicando que, embora em 1995, os requisitos de segurança global dos EUA
pudessem ser resolvidos por uma força activa 25 % menor do que em 1990, o
sistema de bases dos EUA no exterior devia permanecer intacto. Nesse mesmo dia, o Iraque invadiu o Kuwait.
A
introdução maciça de tropas dos EUA no Médio Oriente, durante a Guerra do Golfo,
levou à proclamação de uma Nova Ordem Mundial baseada na hegemonia e no poder militar dos EUA. “Por Deus, demos
um pontapé ao Síndroma do Vietname, de uma vez por todas”, declarou Bush
eufórico.(12) Foram logo estabelecidas novas bases militares no Médio Oriente, principalmente,
na Arábia Saudita, onde, desde então estão estacionadas milhares de tropas dos EUA.
Embora
a Administração Clinton insistisse mais fortemente do que o governo Bush que o
precedeu, na necessidade de diminuir os compromissos militares estrangeiros dos
EUA, não foi feita nenhuma tentativa para diminuir a “presença avançada” dos EUA
no exterior, representada pelas suas bases militares desenvolvidas. A principal
mudança foi, simplesmente, reduzir o número de tropas permanentemente
estacionadas no exterior, empregando tropas com mais frequência, mas durante
estadias mais curtas. (13)
Um
estudo do Army War College, de 1999,
admitiu: “Embora a presença permanente no
exterior tenha diminuído drasticamente, os desdobramentos operacionais aumentaram
exponencialmente”. Em épocas anteriores, os membros das forças armadas estavam “estacionados”,
rotineiramente, no exterior, geralmente
em turnos de vários anos e, muitas vezes, acompanhados pelas suas famílias.
Agora seriam “instalados”, durante um período de tempo mais incerto e os
dependentes quase nunca seriam permitidos.
No
entanto, as instalações eram frequentes e demoradas. De acordo com o
Departamento da Defesa e num dado dia, antes de 11 de Setembro de 2001, mais
de 60.000 militares estavam a executar operações e exercícios temporários em
cerca de 100 países. Se bem que as gigantescas instalações europeias tenham
sido reduzidas, os registos do Departamento da Defesa mostraram que o novo modo
de operação colocava os militares longe do país, durante cerca de 135 dias por
ano para o Exército, 170 dias para a Marinha e 176 dias para a Força Aérea.
Cada soldado do Exército dos EUA tinha, agora, uma média de cumprimento de
serviço no estrangeiro, a cada 14 semanas.
Além
dessas instalações frequentes e periódicas de tropas, as bases eram usadas
para pré-posicionamento de equipamentos com o propósito de uma instalação
rápida. Por exemplo, os Estados Unidos pré-posicionaram equipamentos para uma
brigada pesada localizada no Kuwait, e para uma segunda brigada pesada no
Qatar, juntamente com equipamentos para um batalhão de tanques, também no
Qatar.(14)
A
década de 1990 terminou com a intervenção militar dos EUA nos Balcãs e o amplo
apoio dos EUA a operações de contra-revolta na América do Sul, como parte do “Plano
Colômbia”. Convenientemente, a Colômbia deu às tropas americanas uma base
próxima de outro alvo potencial dos EUA: a Venezuela.
Após
os ataques de 11 de Setembro de 2001, no World Trade Center e o início da “Guerra
Global contra o Terrorismo”, tinha começado um aumento rápido do número e da
dispersão geográfica das bases militares dos EUA.
De
acordo com o Relatório da Estrutura de Base do Departamento da Defesa, nessa época,
os Estados Unidos tinham instalações militares no exterior, em 38 países e
territórios separados. Se fossem somadas as bases militares nos territórios/possessões
dos EUA fora dos cinquenta estados e do Distrito de Colúmbia, aumentariam para
44. No entanto, este número era extremamente convencional, visto que não
incluía bases avançadas estrategicamente importantes, mesmo algumas daquelas em
que os Estados Unidos mantêm números substanciais de tropas, como a Arábia
Saudita, o Kosovo e a Bósnia-Herzegovina. Também não incluía algumas das bases
americanas recentemente adquiridas.
Por
meio do “Plano Colômbia” – voltado principalmente ou, pelo menos, nominalmente,
contra as forças guerrilheiras na Colômbia, mas também contra o governo
venezuelano de Chavez e o movimento intensamente popular de oposição ao
neoliberalismo no Equador - os Estados Unidos também estavam a expandir a sua
presença de bases, na região da América Latina e do Caribe.
Porto
Rico substituiu o Panamá como eixo da região. Enquanto isso, os Estados Unidos
estavam ocupados, estabelecendo quatro novas bases militares em Manta, no
Equador; Aruba; Curaçao; e Comalapa, em El Salvador - todas caracterizadas como
locais operacionais avançados (FOLs). Desde 11 de Setembro de 2001, os Estados
Unidos instalaram bases militares que abrigam 60 mil soldados no Afeganistão,
Paquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tadjiquistão, além do Kuwait, Catar,
Turquia e Bulgária. Foi crucial na operação uma grande base naval dos EUA em
Diego Garcia, no Oceano Índico.
De
certa maneira, o número oficial de bases no exterior era enganadoramente baixo.
Todas as questões de jurisdição e autoridade em relação às bases nos países
anfitriões foram explicitadas nos chamados Acordos do Estatuto das Forças.
Durante os anos da Guerra Fria, normalmente eram documentos públicos. Mas agora
esses mesmos documentos eram frequentemente classificados como secretos - por
exemplo, os acordos estabelecidos com o Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Omã e,
em certos aspectos, com a Arábia Saudita.
Segundo
os registos do Pentágono, até 2007, os Estados Unidos tinham acordos formais
deste tipo com 93 países.(15)
Além
dos Balcãs e das antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central, que
anteriormente estavam dentro da esfera de influência soviética ou faziam parte da
própria União Soviética, as bases avançadas que estavam a ser adquiridas
estavam em regiões onde os Estados Unidos haviam experimentado, anteriormente, reduções
drásticas do número das suas bases. Em 1990, antes da Guerra do Golfo, os
Estados Unidos não tinham bases no Sul da Ásia, por exemplo, e no Médio Oriente
e em África, tinham apenas 10% do que possuíam em 1947. Da mesma forma, na
América Latina e no Caribe, o número de bases dos EUA tinha declinado cerca
de dois terços entre 1947 e 1990.
Do
ponto de vista geopolítico e geo-militar, era claramente um problema para uma
hegemonia económica e militar global tal como os Estados Unidos, mesmo na era dos
mísseis de cruzeiro de longo alcance. O aparecimento de novas bases no Médio
Oriente, Sul da Ásia, América Latina e Caribe, desde 1990 - como consequência
da Guerra do Golfo, da guerra no Afeganistão e do Plano Colômbia - poderia,
portanto, ser visto como uma reafirmação do poder militar directo dos EUA em
áreas onde esse mesmo poder militar tinha desgastado.
O
aparecimento de bases no Afeganistão, no Paquistão e em três das antigas
repúblicas soviéticas da Ásia Central foi, inevitavelmente, visto pela Rússia e
pela China, como constituindo ameaças adicionais e contínuas à sua segurança.
A
Rússia demonstrou o seu descontentamento com a perspectiva de bases militares
permanentes dos EUA na Ásia Central. A China também estava descontente. Como o Guardian, de Londres, observou em 10 de Janeiro de 2002, a base em
Manas, no Quirguistão, onde os aviões dos EUA pousavam diariamente, estava “a
400 quilómetros da fronteira com a China ocidental. Com as bases dos EUA a
leste, no Japão, ao sul, na Coreia do Sul e o apoio militar de Washington a
Taiwan, a China pode sentir-se cercada”. (16) Era colocar esse assunto suavemente.
Declínio de Um Império?
Assim
como o antigo Império Romano declinou e, finalmente, desapareceu ao longo do
século IV DC, o Império Americano também deu todos os sinais de estar em
declínio terminal, enquanto Bush e Cheney lançavam as suas políticas militares
ousadas para prolongar a sua vida imperial ou, como George HW Bush o denominou,
mais apropriadamente, no final da Guerra Fria, a Nova Ordem Mundial.(17)
Cada
vez mais, a influência americana no mundo não podia mais ser conquistada pela
persuasão e pela Coca-Cola ou pelos “Big Macs” da McDonalds. A força militar
bruta era considerada essencial no início do novo século. Só por si, era uma
admissão, de facto, do fracasso do
Século Americano.
Era,
apenas, uma pequena parte da vasta rede de bases militares controladas pelos
EUA que Washington construía globalmente, desde o fim da Guerra
Fria.
Força de Ataque Nuclear ‘Usando
Apenas o Necessário’
No
início da década de 1990, no final da Guerra Fria, o governo de Yeltsin pediu a
Washington uma série de reduções mútuas no tamanho do arsenal de mísseis e
armas nucleares de cada uma das duas super potências. As reservas nucleares
russas estavam a envelhecer e Moscovo viu pouca necessidade de continuar armada
até aos seus dentes nucleares, depois da Guerra Fria ter terminado.
Washington
viu claramente este pedido como uma oportunidade de ouro para obter a “supremacia
nuclear”, a capacidade de lançar um ‘first strike’ nuclear contra a Rússia,
pela primeira vez, desde a década de 1950, quando a Rússia desenvolveu a
capacidade de lançamento do Míssil Balístico Intercontinental do seu arsenal de
armas nucleares em expansão.
O
Pentágono começou a substituir os mísseis balísticos antigos, nos seus
submarinos, por mísseis Trident II D5, muito mais precisos, com ogivas nucleares
de maior rendimento.
A
Marinha transferiu maior quantidade dos submarinos nucleares de lançamento de
mísseis balísticos para o Pacífico, a fim de patrulhar os pontos cegos da rede
de radar de alerta antecipado da Rússia, bem como para patrulhar perto da costa
da China. A Força Aérea dos EUA reajustou completamente os bombardeiros B-52
com mísseis de cruzeiro nucleares que se acredita invisíveis ao radar de defesa
aérea russo. Os novos componentes aperfeiçoados nos bombardeiros furtivos B-2
deram-lhes a capacidade de voar em altitudes extremamente baixas, evitando
assim, serem detectados pelo radar.
Um
grande número de armas armazenadas não era necessário para a nova projecção de
poder global. A nova tecnologia pouco divulgada permitiu que os EUA implantassem
uma força de ataque nuclear “usando apenas o necessário”. Um bom exemplo foi o
programa bem-sucedido da Marinha para actualizar o fusível das ogivas nucleares
W-76 que se encontra no topo da maioria dos mísseis lançados por submarinos dos
EUA, permitindo que eles atinjam alvos muito difíceis, como silos de ICBM.
Ninguém
jamais apresentou provas fidedignas de que a Al Qaeda, o Hamas, o Hezbollah ou
qualquer outra organização da Lista Negra da Organização Terrorista do
Departamento de Estado dos EUA possuísse mísseis nucleares em silos
subterrâneos endurecidos. Além dos EUA e talvez de Israel, só a Rússia e, num
grau muito menor, a China tinha esses arsenais de mísseis nucleares em número
significativo.
Bombardeiros Nucleares dos EUA
em Alerta Constante
Em
1991, no presumível final da Guerra Fria, num gesto para reduzir o risco de
erro de cálculo nuclear estratégico, foi ordenado à Força Aérea dos EUA para
retirar a sua frota de bombardeiros nucleares do estatuto de Alerta Máximo.
Depois de 2004, essa ordem também foi revertida.
O
CONPLAN 8022 colocou, novamente, o B-52 de longo alcance da Força Aérea dos EUA
e outros bombardeiros no estatuto de “Alerta”. O Comandante da 8ª Força Aérea
afirmou na época, que os bombardeiros nucleares estavam “em estado de alerta
para planear e executar ataques globais” em nome do Comando Estratégico dos EUA
ou STRATCOM, com sede em Omaha, Nebraska.(18)
O CONPLAN 8022 incluía não só
armas nucleares e convencionais de longo alcance lançadas dos EUA, mas também
bombas nucleares e outras bombas instaladas na Europa, no Japão e noutros
locais. Deu aos EUA o que o Pentágono denominou “Global Strike” -
a capacidade de atingir qualquer ponto da Terra ou do céu com força devastadora,
tanto nuclear como convencional. Desde a ordem de prontidão, de Junho de 2004
dada por Rumsfeld, o Comando Estratégico dos EUA gabou-se de estar pronto para
executar um ataque em qualquer lugar da Terra “em meio dia ou menos”, a partir
do momento em que o Presidente desse essa ordem.(19)
Entrevistada
pelo Financial Times de Londres, a
embaixatriz dos EUA na NATO e antiga conselheira de Cheney, Victoria Nuland, declarou que os EUA queriam uma “força militar capaz
de ser instalável em todo o globo” que operaria em todos os lugares - da África
ao Médio Oriente Médio e além – “em todo o planeta.”(20)
Incluiria
o Japão e a Austrália, assim como as nações da NATO. Nuland acrescentou: “É um
animal totalmente diferente”. 21 A função irrevogável da NATO estaria sujeita
aos desejos e aventuras dos EUA. Essas palavras dificilmente acalmavam, dado o
registo do antigo chefe de Nuland, o Vice Presidente Dick Cheney, sobre
informações secretas fingidas para justificar as guerras no Iraque e noutros
lugares.
Agora,
com a instalação de uma defesa mínima de mísseis, sob o CONPLAN 8022, os EUA
teriam o que os planeadores do Pentágono chamavam de “Domínio de Escalada” - a
capacidade de vencer uma guerra em qualquer nível de violência, incluindo a
guerra nuclear.
Como
os autores do artigo do Foreign Affairs
observaram,
A recusa contínua de Washington de evitar,deliberadamente,
um ‘first strike’ e o desenvolvimento do país, de uma capacidade limitada de defesa
contra mísseis tomam um aspecto um novo e, possivelmente, mais ameaçador … uma
capacidade de combate nuclear continua a ser um componente chave da doutrina
militar dos Estados Unidos e a supremacia nuclear continua a ser o objectivo
dos Estados Unidos. (22)
Como
algumas mentes mais sóbrias argumentaram, se a Rússia e a China responderem a
essas medidas americanas com medidas mínimas de auto protecção, os riscos de uma
conflagração nuclear global por erro de cálculo subiriam para níveis muito além
dos vistos, mesmo durante a Crise dos Mísseis Cubanos ou nos dias mais
perigosos da Guerra Fria.
No
entanto, para os falcões da guerra, para a máquina industrial militar dos EUA e
para os neoconservadores que rodeiam o governo Bush-Cheney, esses temores do
Armaggedon nuclear eram sinais de covardia e falta de vontade. A história
curiosa do que ficou conhecido durante a era Reagan como 'A Guerra das
Estrelas' dava uma ideia melhor do que era a estratégia provocadora da defesa
anti míssil de Washington.
Notas
de rodapé:
1 Vladimir Putin, Rede des
russischen Präsidenten Wladimir Putin auf der 43. Münchner,
Sicherheitskonferenz,’ München, October 2, 2007.
2 Yevgeny Primakov, “ABM sites on
Russia's frontiers: Another Confrontation?,” Moscow News, March 2, 2007.
3 Washington Post, February 28,
1999.
5 Karen de Young, “Afghanistan
Opium Crop Sets Record: U.S.-Backed Efforts At Eradication Fail,” Washington
Post, December 2, 2006.
7 Daniel Widome, “The Six Most
Important US Military Bases,” www.foreignpolicy.com May 2006.
Chalmers Johnson, America's Empire
of Bases, in www.TomDispatch.com, January 15, 2004.
Zoltan Grossman, New US Military
Bases: Side Effects or Causes of War?, in
www.counterpunch.org/zoltanbases.html, February 2, 2002.
Ramtanu Maitra, US Scatters Bases
to Control Eurasia, in Asia Times Online, March 30, 2005.
William Clark, Will US be asked to
leave key military bases?, www.csmonitor.com , July 5, 2005.
Thom Shanker and Eric Smith,
‘Pentagon Expects Long-Term Access to Four Key Bases in Iraq’, New York Times,
April 20, 2003.
Christine Spolar, ‘14 'Enduring
Bases' Set for Iraq,’ Chicago Tribune, March 23, 2004. www.globemaster.de/cgi-bin/bases
provides a profile of every listed US
airbase.
8 Ibid.
10 Ibid.
11 U.S. Dept. of Defense. Report of
the Secretary of Defense to the Congress, National Defense Authorization Act
for Fiscal Year 1989.
12 Cited in George C. Herring,
“America and Vietnam: The Unending War,” Foreign Affairs, Winter 1991/1992.
13 Los Angeles Times, January 6,
2002.
14 Report of the Secretary of
Defense, 1996, pp.13–4.
15 Chalmers Johnson, Blowback: The
Costs and Consequences of American Empire (New York: Henry Holt, 2001), 4. 16
Ian Traynor, “Russia edgy at spread of US bases in its backyard,” The Guardian,
January 10, 2002.
17 George H. W. Bush, Toward a New
World Order, Address to Joint Session of Congress, September 11, 1990. The
words of Bush are worth citing. He declared, referring to the imminent
coalition war on Iraq in 1991: “The crisis in the Persian Gulf, as grave as it
is, also offers a rare opportunity to move toward an historic period of
cooperation. Out of these troubled times, our fifth objective — a new world
order — can emerge: a new era — freer from the threat of terror, stronger in
the pursuit of justice, and more secure in the quest for peace. An era in which
the nations of the world, East and West, North and South, can prosper and live
in harmony. A hundred generations have searched for this elusive path to peace,
while a thousand wars raged across the span of human endeavor. Today that new
world is struggling to be born, a world quite different from the one we've
known...” Again in his State of the Union Address after the onset of military
action against Iraq, Operation Desert Storm, Bush declared, on January 21,
1991, “We will succeed in the Gulf. And when we do, the world community will
have sent an enduring warning to any dictator or despot, present or future, who
contemplates outlaw aggression. “The world can therefore seize this opportunity
to fulfill the long-held promise of a new world order—where brutality will go
unrewarded, and aggression will meet collective resistance. Yes, the United
States bears a major share of leadership in this effort. Among the nations of
the world, only the United States of America has had both the moral standing,
and the means to back it up. We are the only nation on this earth that could
assemble the forces of peace.” It was clear that Bush’s vision of the New World
Order was a version of a Pax Americana, a vision which found little enthusiasm
in much of the world, hence the term, New World Order was promptly dropped. The
agenda of that New World Order, a Pax Americana was never dropped. The Cold War
from the side of Washington never ended. It continued in covert form.
George H. W. Bush, Rumo a uma Nova Ordem Mundial, Discurso na
Sessão Conjunta do Congresso, 11 de Setembro de 1990. Vale a pena citar as
palavras de Bush. Ele declarou, referindo-se à iminente guerra de coligação contra
o Iraque, em 1991: “A crise no Golfo Pérsico, por mais grave que seja, também
oferece uma rara oportunidade de avançar para um período histórico de
cooperação. Desses tempos conturbados, nosso quinto objectivo - uma nova ordem
mundial - pode emergir: uma nova era - mais livre da ameaça do terror, mais
forte na busca da justiça e mais segura na busca pela paz. Época em que as
nações do mundo, leste e oeste, norte e sul, podem prosperar e viver em
harmonia. Centenas de gerações têm procurado esse caminho ilusório para a paz,
enquanto mil guerras se espalharam em toda a extensão do esforço humano. Hoje
esse novo mundo está a lutar para nascer, um mundo bem diferente daquele que
conhecemos ... ” Novamente, no seu discurso sobre o Estado da União, após o
início da acção militar contra o Iraque, a Operação Tempestade no Deserto, Bush
declarou, em 21 de Janeiro de 1991: “Teremos sucesso no Golfo. E quando o
fizermos, a comunidade mundial terá enviado um aviso duradouro a qualquer ditador
ou déspota, presente ou futuro, que contemple a agressão ilegal. “Portanto, o
mundo pode aproveitar esta oportunidade para cumprir a promessa de longa data
de uma Nova Ordem Mundial - onde a brutalidade não será recompensada e a
agressão enfrentará a resistência colectiva. Sim, os Estados Unidos têm uma
grande parcela de liderança nesse esforço. Entre as nações do mundo, apenas os
Estados Unidos da América têm a posição moral e os meios para apoiá-la. Somos a
única nação na Terra que poderia reunir as forças da paz.” Ficou claro que a
visão de Bush da Nova Ordem Mundial era uma versão de uma Pax Americana, uma
visão que encontrou pouco entusiasmo em grande parte do mundo, daí a expressão ‘Nova
Ordem Mundial’ ter sido prontamente abandonada. A agenda dessa Nova Ordem
Mundial, uma Pax Americana nunca foi abandonada. Do lado de Washington, a Guerra Fria nunca terminou. Continuou de
maneira encoberta.
18 Hans M. Kristensen, “Global
Strike: A Chronology of the Pentagon’s New Offensive Strike Plan,” Federation
of American Scientists, Washington, D.C., March 15, 2006. As Kristensen’s
analysis made clear: “CONPLAN 8022 is premised on the preservation and
improvement of an assured destruction capability for nuclear weapons, not just
in retaliation but in preemption.”
Como a análise de Kristensen deixou claro: “O CONPLAN 8022 tem
como princípio, a preservação e melhoria de uma capacidade de destruição
garantida para as armas nucleares, não apenas em retaliação, mas em
antecipação”.
19 Ibid.
20 Victoria Nuland, US NATO
Ambassador, quoted in London’s Financial
Times, January 24, 2006.
21 Ibid.
22 Keir A. Lieber and Daryl G.
Press, op. cit
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
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