Forçar o adversário a desdobrar-se excessivamente,
a fim de desequilibrá-lo e derrubá-lo - não é um movimento de judo, mas o plano
contra a Rússia desenvolvido pela Rand Corporation, o ‘think tank’ mais
influente dos EUA que, com uma equipa de milhares de peritos, representa a
fonte mundial mais fiável dos serviços secretos (inteligência) e análise
política para os governantes dos Estados Unidos e para os seus aliados. A Rand
Corp orgulha-se de ter contribuído para a elaboração da estratégia a longo
prazo que permitiu aos Estados Unidos serem
os vencedores da Guerra Fria, obrigando a União Soviética a esgotar os seus
recursos económicos no confronto estratégico.
É neste modelo que se inspira o novo
plano, "Overextending and Unbalancing Russia", publicado pela Rand. Segundo os seus analistas, a
Rússia continua a ser um poderoso concorrente dos Estados Unidos em alguns
campos fundamentais. Por conseguinte, os Estados Unidos, juntamente com os seus
aliados, devem empenhar-se numa estratégia abrangente a longo prazo que tire o
máximo partido das suas vulnerabilidades. Assim sendo, são analisadas as várias
maneiras de forçar a Rússia a desequilibrar-se, indicando para cada uma delas, as
possibilidades de sucesso, os benefícios, os custos e os riscos para os EUA.
Os analistas da Rand acreditam que a maior
vulnerabilidade da Rússia é de caracter económico, devido à sua forte
dependência das exportações de petróleo e gás, cujas receitas podem ser
reduzidas, agravando as sanções e
aumentando as exportações de energia dos EUA. Devem fazer com que a Europa
reduza a importação de gás natural russo, substituindo-o por gás natural
liquefeito transportado por mar, de outros países.
Outra maneira de prejudicar a economia da
Rússia a longo prazo, é encorajar a
emigração de pessoal qualificado, em particular, jovens russos com um nível de
educação elevado.
No campo ideológico e informativo, devem ser encorajados os protestos
internos e, ao mesmo tempo, prejudicar a
imagem da Rússia no estrangeiro, expulsando-a dos fóruns internacionais e
boicotando os acontecimentos desportivos internacionais que ela organiza.
No campo geopolítico, armar a Ucrânia permite que os EUA aproveitem o ponto de maior
vulnerabilidade externa da Rússia, mas isso deve ser ajustado para manter a
Rússia sob pressão, sem atingir um grande conflito, em que ela teria vantagem.
No campo militar, os EUA podem ter grandes
benefícios, com baixos custos e riscos,
através do aumento das forças terrestres
dos países europeus da NATO em função
anti-Rússia.
Os EUA podem ter grandes oportunidades de
serem bem sucedidos e altos benefícios com riscos moderados, investindo,
sobretudo, em mais bombardeiros estratégicos e mísseis de ataque de longo
alcance contra a Rússia.
Sair
do Tratado INF e instalar novos mísseis nucleares de alcance intermédio apontados
contra a Rússia asseguram
grandes possibilidades de êxito, mas também envolvem riscos elevados. Ao discriminar
cada opção para alcançar o efeito desejado - concluem os analistas de Rand - a
Rússia acabará por pagar o preço mais alto no confronto com os EUA, mas até
mesmo os americanos terão de investir grandes recursos, subtraindo-os a outros
fins. Anuncia-se, assim, um aumento ainda maior das despesas militares
militares USA/NATO em detrimento das despesas sociais.
Este é o futuro previsto pela Rand Corporation, o mais influente ‘think tank’ do
Estado Profundo, ou seja, do centro subterrâneo do verdadeiro poder, mantido
pelas oligarquias económicas, financeiras e militares, o poder que determina as
escolhas estratégicas não só dos EUA, mas do todo o Ocidente.
As
“opções” previstas pelo plano são, na realidade, apenas variantes da mesma
estratégia de guerra, cujo preço em termos de sacrifícios e riscos, é pago por
todos nós.
Tradutora; Maria Luísa de Vasconcellos
Email; luisavasconcellos2012@gmail,com
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